por: Ana Elizabeth Diniz
Em 1991, o oncologista Mitchell Gaynor, diretor de oncologia médica e medicina integrativa no Strang-Cornell Câncer Prevention Center, filiado ao New York Hospital, recebeu em seu consultório o monge tibetano Odsal, que tinha uma doença rara chamada cardiomiopatia, um aumento do coração que normalmente resulta em insuficiência cardíaca congestiva. Ele apresentava ainda anemia progressiva, conseqüência da doença. Desse encontro entre médico e paciente, nasceu a semente do que se tornaria um trabalho com os sons, a voz e a música. Recursos que têm possibilitado restaurar o equilíbrio do corpo e o despertar do espírito.
Mas como isso foi possível? Após algumas consultar, Odsal presenteou Gaynor com o “dahl” tibetano, um cilindro de metal semelhante a um sino que o médico apelidou de “tigela cantante”. Segurando um bastãozinho de madeira, o monge passou-o em volta da tigela do mesmo modo que se passa o dedo sobre a borda de um copo de vinho. O resultado é um som único e essencial que parece encaminhar todos os sentidos para um mergulho dentro de si próprio.
Após vivenciar essa experiência, Gaynor iniciou uma nova etapa em sua vida. Passou a estudar os sons e os incorporou ao seu trabalho. Um oncologista receitando algo mais além de quimioterapia e drogas. “Se, quando eu era estudante de medicina em Dallas, no Texas, alguém me tivesse dito que um dia eu estaria ensinando meus pacientes a usarem tigelas cantantes para curarem a si mesmos, eu teria pensado que essa pessoa estava louca. Hoje, no entanto, decorridos apenas 15 anos, exposta com destaque no meu consultório, há uma linda tigela de cristal de quartzo com 25 centímetros de diâmetro, a qual desempenha um papel fundamental em minha intensa atividade clínica nas áreas de oncologia e medicina interna”, pontua Gaynor.
As tigelas cantantes
O médico prefere chamar as abordagens holísticas de terapias complementares e não alternativas porque elas precisam ser integradas com os cuidados e os tratamentos convencionais. Em seu livro “Sons que Curam”, Mitchell Gaynor fala sobre o seu entendimento da doença como uma manifestação de desarmonia no interior do corpo, um desequilíbrio nas células ou em um dado órgão, como o coração ou os pulmões. Assim “as tigelas cantantes, com seus tons ressonantes distintos não apenas me permitiam ter acesso à “sinfonia cósmica” como também constituíam um meio através do qual a harmonia poderia ser restaurada dentro do corpo, tanto no nível fisiológico como no nível psico-espiritual”.
A surpresa veio após mergulhar em pesquisas sobre essas mudanças fisiológicas e energéticas provocadas pela energias sonora em células e tecidos do corpo. Alguns colegas médicos estavam trilhando o mesmo caminho e com constatações impressionantes. David Simon, diretor médico dos serviços de neurologia no Sharp Cabillo Hospital, em San Diego, revelou que os cânticos e músicas curativas são quimicamente metabolizados em opióides endógenos que são ao mesmo tempo analgésicos internos e agentes de cura para o corpo. Mark Ride, psicólogo do Southern Methodist University concluiu que a música exerce influência positiva sobre o sistema imunológico, combatendo os patógenos e regenerando os tecidos lesados.
Jeffrey Thompso, professor do Califórnia Institute for Human Science, demonstrou que as tigelas cantantes produzem sons comparáveis em freqüência e tons aos sons produzidos pelos anéis de Saturno – emanações medidas por cientistas da Nasa com os mais modernos instrumentos.
O primeiro contato com o som
“Mesmo antes de nascer estamos imersos em sons. Com três semanas de vida, o embrião humano começa a desenvolver a estrutura que acabará dando origem a seus ouvidos. No útero, ficamos tão acostumados ao som dos batimentos cardíacos da nossa mãe, que bebês expostos a uma gravação de uma freqüência cardíaca de 72 batimentos por minutos se mostrarão calmos e confortados ao passo que, quando sujeitos a uma gravação de cons cardíacos a 120 batimentos por minutos, eles tornam-se agitados e visivelmente incomodados”, diz Mitchell Gaynor em seu livro.
O precursor intelectual e espiritual do som foi o filósofo e matemático Pitágoras (580 a 500 antes de Cristo). Ele achava que a música poderia dar uma grande contribuição para a saúde se fosse usada da maneira correta. Ele chamou esse método de medicina musical. Foi ele que falou sobre a “música das esferas”. “Hoje não fazemos idéia de como era a sua música, embora eu desconfie que não se tratava de algo altamente elaborado nem complexo, à moda de Bach ou Mozart. Muito provavelmente, tratava-se de uma música “primitiva”, com padrões simples e repetitivos, visto que esses tipos de elementos musicais sobreviveram em muitas culturas em todo o mundo como modalidades de cura”, ressalta Gaynor.
A medicina moderna tem apenas uma aplicação séria do som: a ultrasonografia. “Todavia, as mesmas propriedades do som que lhe permitem penetrar no corpo de produzir imagens razoavelmente nítidas do coração, da bexiga e de fetos, sugerem maneiras por meio das quais as ondas sonoras poderiam também ser usadas como instrumento de cura”, observa o oncologista.
Gaynor lembra que o som é uma manifestação da respiração e esta é um aspecto fundamental da vida. “A respiração é muito mais do que um reflexo mecânico para a troca de oxigênio; ela é a base de todas as nossas funções celulares, de nossos bem-estar energético e, até mesmo, da nossa saúde emocional”.
Fonte: http://www.jormalinfinito.com
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